O QUE É TEXTO?
Começar um texto com a proposta de explicar o que é o texto ou como identificar o texto é uma tarefa um tanto quanto complexa, pois apesar de parecer algo simples de se conceituar aqui veremos que ele pode ter diferentes e variadas definições. Temos a intenção de responder a pergunta que está no título e ir um pouco além. Muitos autores debruçaram-se sobre a definição dessa palavra.
Em sentido estrito para Halliday (1973) citado por Koch (1934:22), “texto é uma unidade de língua em uso, unidade semântica: não de forma e sim de significado.”
Ainda temos que “Um texto é um evento comunicativo em que convergem ações linguísticas, sociais e cognitivas.” BEAUGRANDE (1997: 10)
Segundo, KOCH (1984:21): "o texto é qualquer manifestação através de um estoque de sinais de um código. Pode designar toda e qualquer manifestação da capacidade textual do ser humano", dessa forma um texto pode nos informar sobre um acontecimento, explicar um ponto de vista ou narrar uma história, "isto é, qualquer tipo de comunicação realizada por meio de um sistema de signos", e cada texto possui sua estrutura própria, vocabulário específico e uma interação entre quem escreve e quem fará a leitura, ou seja, trata-se de uma unidade básica de comunicação.
CAVALCANTE (2012) apresenta três concepções básicas do que é texto, a primeira como um artefato lógico do pensamento do autor, e ao leitor caberia a função de captar essa representação mental e as intenções do produtor. Na segunda concepção seria a decodificação de ideias, onde o interlocutor também seria um agente passivo que receberia informações apenas por dominar um código linguístico. O conceito de texto hoje, é visto como a noção de interação, que é a terceira concepção, onde os sujeitos levam em conta todo o contexto sociocomunicativo, histórico e cultural que formarão o sentido dos textos.
Koch e Travaglia (2010), define texto “como uma unidade linguística concreta (perceptível pela visão ou pela audição), que é tomada pelos usuários da língua (falante, escritor/ouvinte, leitor) […]”. E essa concreticidade se estabelece formando uma sequência lógica ou orgânica das informações e elementos que compõem o texto proporcionando uma textualidade que é a capacidade interpretativa da mensagem pelo receptor.
Sabendo que atualmente os textos exigem uma situação de interação comunicativa, e tudo que pode ser interpretado é texto, então temos que uma pintura, uma música, e todas as outras formas de arte, uma conversa, uma postagem em uma rede social e até um gesto corporal são formas de texto, pois todas essas constituem um sentido.
E hoje com o advento da tecnologia novas formas de textos surgiram, os hipertextos, que têm por característica serem de rápida leitura, modificáveis, e de fácil acesso, podemos encontrá-los na palma da mão, nos nossos telefones celulares.
Komesu (2005, p. 8) afirma que “o hipertexto não é um suporte material ou um único texto, mas uma prática multimodal que envolve os processos de escrita e de leitura atualizados na tela do computador”.
Assim, temos que os textos digitais são dinâmicos, interativos, como a concepção de texto hoje, e isso se dar quando mandamos uma mensagem de texto usando emoticon, gifs ou stickers. Ainda nessa era de textos digitais temos a confirmação que a relação maior não será entre escritores e interlocutores, mas está cada vez mais baseada na interação entre o leitor e o texto, isso pode ser visto com a leitura de memes que são cada vez mais divulgados e compartilhados nas redes sociais. E para Marcuschi (2008, p. 61), “a língua é um conjunto de práticas sociais e cognitivas historicamente situadas”. O texto é o próprio lugar onde os sujeitos formam e são formados.
FONTES:
BEAUGRANDE, R. de & DRESSLER, W. U. Discourse and Process. London: Longman, 1980.
CAVALCANTE, M. M. Os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2013.
KOCH. I. V. e TRAVAGLIA. L. C. A coerência textual. São Paulo: Contexto, 2010, p. 10.
KOCH, I. G. V. Argumentação e Linguagem. São Paulo: Cortez, 1984.
KOMESU, Fabiana. Pensar em hipertexto. 2005. Disponível em: <https://www.ufpe.br/nehte/artigos/hipertexto.pdf>.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção Textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008.
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