GRAMÁTICA DO DESIGN VISUAL DE KRESS E VAN LEEUWEN (2006)



 

GRUPO 2 – Metafunção Composicional

Trabalho apresentado por: Ana Luíza, Edilanny Lima, Kalinka, Paula Fabiana e Wellington Leão

 

GRAMÁTICA DO DESIGN VISUAL DE KRESS E VAN LEEUWEN (2006)

 

        

Na Gramática do Design Visual - GDV, Kress e van Leeuwen (2006) tratam da análise de textos multimodais, ou seja, aqueles que abrangem diversas semioses. A linguagem verbal, a linguagem visual, o sonoro etc., integram-se construindo o sentido. Nessa perspectiva, na GDV os autores propõem três metafunções para análise desses textos, a saber: a representacional, a interativa e a composicional.

Apresentaremos, nesta postagem, a metafunção composicional, tendo em vista ser tema de uma apresentação em grupo alusiva à disciplina de Letramentos e Práticas Multimodais.  

 

METAFUNÇÃO COMPOSICIONAL

 

Os textos visuais constroem significados através da combinação de elementos que compõem a imagem. Esta metafunção se relacionada quanto à composição do espaço no texto visual e é dividida em sistemas, conforme representado abaixo pelo organograma.

       Fonte:  Kress; van Leeuwen (2006).

    

É no valor de informação que há a localização dos elementos de determinada região na imagem, os quais podem ser dispostos assim: Esquerda/Direita, Superior/Inferior e Centro/Margem.

Traçando uma linha vertical no meio da imagem, teremos a relação Ideal/Real. A subcategoria ideal fica na parte superior e é a direção onde se encontra a ideia principal ou meta do texto, com informações mais destacadas em relação aos outros elementos. Já a real, encontra-se na direção oposta da subcategoria ideal (parte inferior), tratando-se das informações menos salientes, entretanto mais concretas e recebidas por valores consideráveis de verdade.

 

Figura 2 – Folder promocional do sabonete em gel “Faces” da Natura – Ideal/Real

                Fonte: https://sites.natura.com.br/revista/espaco-natura-c202112-v1

O espaço onde se localiza a imagem de uma mulher utilizando o sabonete em gel para o rosto, na parte superior da figura 2, denota claramente a utilização ideológica (ideal) do produto, causando no interlocutor/consumidor uma sensação de frescor e satisfação pelo seu possível uso, simultaneamente representadas pelas gotículas de água no rosto e o sorriso esbanjado na face da mulher.

Já na parte inferior, encontram-se as informações reais do sabonete, reproduzidas pela prevalência de informações linguísticas contidas no frasco do produto e nos demais espaços do folder, especificando: nome do produto, linha, efeitos de uso, tipo, volume, marca, referência, preço real e promocional, utilidade e recomendações de uso.

Ao traçarmos uma linha horizontal na imagem abaixo, teremos a divisão entre esquerda e direita, em que à esquerda se encontram as informações já familiares para o leitor, ou seja, o valor dado. Por conseguinte, no lado direito teremos o novo, correspondente às informações que estão por vir, e requerem uma maior atenção do leitor.

 

Figura 3 – Folder de divulgação de um produto da linha “Cuide-se Bem” da Boticário – Dado/Novo





Nessa imagem, a leitura do texto multimodal obedece uma hierarquia, cujos valores são mensurados da esquerda para a direita, como na leitura e escrita de um texto na sociedade ocidental, em que os elementos posicionados à esquerda contêm as informações dadas, ou seja, a apresentação de uma linha de cosméticos já conhecida pelos consumidores da Boticário, a linha “Cuide-se Bem”, e destinada às pessoas que preservam o cuidar de si, enquanto as informações à direita, as novas, são apresentadas pela fragrância produtora de frescor dos produtos “Alívio” (estes específicos e subordinados à “Cuide-se Bem”), contendo aromatizantes para ambientes, sabonetes líquidos e desodorantes hidratantes, como mencionado no texto verbal.    

Quanto aos elementos concentrados no Centro da imagem, a eles são conferidos maiores valores informativos em relação àqueles que estão à Margem, visto estes serem considerados periféricos, tanto em posição como em significado. Vejamos:

Figura 4 – Folder de introdução da seção “Mamãe e Bebê” da Natura – Centro/Margem


Kress e van Leeuwen (2000 apud NOVELLINO, 2007, p. 85) esclarecem sobre os termos centralização e marginalização dos elementos multimodais. Para os autores, o núcleo da informação concentra-se na parte central do texto, enquanto os subservientes ficam à margem da disposição, o que é perceptível no folder em destaque, uma vez que, por se tratar do prenúncio de uma linha de cosméticos de limpeza para o bebê, o foco da imagem é constituído por um recém-nascido se higienizando com espumas de sabão produzidas, em tese, por algum produto da linha em evidência.

Além disso, as características dos elementos marginais integrantes nas partes ideal/dado e real/dado são mantenedoras de informações auxiliares para a compra do produto, ilustradas em tarja verde, anunciando uma venda opcional de sacolas a serem utilizadas como pacotes de presentes. Em oposição às partes mencionadas, é no lado direito que nas margens ideal/novo há informações alusivas ao tipo de matéria prima utilizada nos frascos dos produtos, assim como a natureza das fórmulas empregadas nos volumes da linha “Mamãe e Bebê”; em real/novo mantém-se o nome do bebê fotografado na imagem e as mesmas expressões linguísticas mencionadas na análise da subcategoria real da figura 1 desta postagem.

Outro aspecto da metafunção composicional é o da Saliência, no qual está relacionado à importância que determinado elemento terá na imagem. Dessa maneira, os destaques podem ser feitos através de cores mais frias ou mais quentes, maior ou menor contraste, imagem em primeiro plano ou plano de fundo. São essas características que captarão a atenção do leitor, criando, assim, um grau diferente de importância entre as regiões da imagem. Observem o destaque do produto na mescla destas páginas:

Figura 5 – Apresentação de duas páginas do folder do ciclo 12/2021 da Natura. Creme para o corpo “Tododia” – Saliência


O elemento da saliência é perceptível na imagem, em virtude da sobreposição dada pela cor do frasco do produto, o lilás (cor fria), sendo contrastada pela branca (cor neutra) que, mesmo tomando o maior espaço da figura, não impõe evidência visual.

A estrutura ou enquadramento da imagem está relacionada aos elementos que se interligam ao texto visual. De acordo com Kress e van Leeuwen (2006), a conexão será fraca, quando o leitor tiver a impressão de que os elementos estão mesclados, seja por suas cores, formas etc. De outro modo, a estruturação será forte quando os elementos estiverem separados por linhas divisórias (enquadradas), dando uma sensação de distanciamento entre os elementos da imagem.

Vejamos estes exemplos:

 Figura 6 – Folder com cenário de divulgação do lançamento do perfume Arbo Botanic da Boticário – Estrutura fraca


É perceptível a disposição dos dois frascos na imagem em um enquadramento que se relacionam com os galhos, não por divisões, mas por elementos conectados por um fundo compartilhado em toda a disposição da figura. A relação do nome do produto e sua fórmula se aproxima do cenário exposto, visto que em virtude do lançamento no Arbo Botanic incluir, tanto a relação do “movimento das florestas”, como sugerido na parte textual, como a produção estrutural da imagem em cores verdes, conectando os produtos aos galhos, dar ideia de integração em que um se origina do outro (perfume e natureza).

Sobre as características da estrutura forte na metafunção composicional, vejamos este recorte:

 Figura 7 – Presença da estrutura forte em folder da Boticário



Diferentemente da composição apresentada na figura 6, as características deste enquadramento são traçadas por divisórias, fragmentando o texto multimodal, embora ele esteja em uma mesma disposição associativa. Isso é perceptível pela presença de espaços vazios de divulgação de produtos diferentes de uma mesma linha de restauradores para os cabelos, dando uma noção de separação de elementos por tipos de cabelos, caracterizando a estrutura forte na metafunção composicional.


GRUPO 1 – Metafunção Interativa

Trabalho apresentado por: Fátima, Genilda, João, Joe, Larissa e Leonardo.


GRAMÁTICA DO DESIGN VISUAL DE KRESS E VAN LEEUWEN (2006)


Na Gramática do Design Visual - GDV, Kress e van Leeuwen (2006) tratam da análise de textos multimodais, ou seja, aqueles que abrangem diversas semioses. A linguagem verbal, a linguagem visual, o sonoro etc., integram-se construindo o sentido. Nessa perspectiva, na GDV os autores propõem três metafunções para análise desses textos, a saber: a representacional, a interativa e a composicional.

Apresentaremos, nesta postagem, a metafunção interativa, tendo em vista ser tema de uma apresentação em grupo alusiva à disciplina de Letramentos e Práticas Multimodais. 

METAFUNÇÃO INTERATIVA

Figura 1 - Classificação da metafunção interativa


É na metafunção interativa que temos a relação entre texto visual e observador. Ela está dividida em quatro aspectos, a saber: Contato, Distância ou Afinidade Social, Perspectiva e Modalidade.

No aspecto contato, os participantes representados laçam um olhar diretamente para o leitor, estabelecendo, assim, um contato de demanda, quando é exigido uma atitude do leitor, assim as expressões faciais e os gestos estabelecem essa relação. Esse olhar que pode ser agressivo, amável, sedutor, à depender do objetivo que se deseja alcançar. Quando o olhar não é diretamente direcionado para o leitor temos o contato de oferta.

Figura 2: CONTATO DE OFERTA  


Figura 3: CONTATO DE DEMANDA


Apresentando um olhar de demanda, o elemento participante exige que o leitor tome uma atitude, no caso da figura 3, quer que o eleja presidente dos Estados Unidos.

A distância ou afinidade é a relação entre participante representado e leitor, promovendo uma maior ou menor intimidade entre eles. É dividida em: plano fechado (close-up),  quando cabeça e ombros do sujeito estão sendo representados, conforme figura 4;  plano médio (medium shot) dividi o participante da cintura para cima, de acordo com a figura 5; e, plano aberto (long shot) é observado na figura 6 quando o sujeito é representado completamente.

Figura 4
Figura 5

Figura 6


 

A perspectiva é a relação entre a produção e recepção da imagem, implica no ângulo subjetivo dos participantes representados, que são socialmente formados e representam suas atitudes individuais. No ângulo frontal, há um envolvimento do leitor com os participantes representados, pois ambos fazem parte do mesmo mundo, ver figura 7. O participante representado pode ser visto por ser próximo do observador, é um ser humano, ator, homem, famoso, brasileiro, global (relativo ao canal de TV brasileiro), gosta de carnes... No ângulo oblíquo, mostra-se como os participantes representados e interativos não pertencentes ao mesmo mundo do observador, contudo se relacionarmos que a figura é a representação feminina podemos dizer que a observadora poderá se identificar ainda que se tratem de seres fantasioso. Ver figura 8.  No eixo vertical são representadas as relações de poder. Logo, será alto (figura 9) quando o observador possui poder sobre os participantes representados, em contrapartida, a relação oposta é definida pelo ângulo baixo (figura 10).

                                                         Figura 7


Figura 8


Figura 9


Figura 10




Por fim, o nível de realidade da imagem é visualizado no aspecto modalidade, em que saturação, iluminação, brilho e contextualização conferem graus de detalhes na imagem que oferece um valor de mais proximidade com a realidade, conforme figura 11, onde se destaca um elemento em relação aos outros. 

Figura 11





 



REFERÊNCIAS:

 

KRESS, Gunther; VAN LEEUWEN, Theo. Reading images: the grammar of visual design. 2. ed. London: Routledge, 2006. 

 

NOVELLINO, Marcia Olivé. Fotografias em livro didático de inglês como língua estrangeira: análise de suas funções e significados. 2007. Dissertação (Mestrado em Letras) – Pontífice Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/10597/10597_5.PDF. 

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